Yutaka Ozaki e o romantismo rebelde que revolucionou a música japonesa
Há alguns dias, senti um leve saudosismo da minha adolescência, talvez por alguns acontecimentos recentes que me levaram a isso ou apenas pelo clima bucólico desse período do outono.
Então, comecei a ouvir algumas músicas de cantores que eu costumava a ouvir e mexer em alguns cds antigos que ainda tenho. Meu gosto exótico fez com que eu conhecesse muitas cantoras e cantores de diversos estilos musicais, dentre eles a música japonesa. Os estilos que mais me agradam dessa região é o enka, new enka e o j-rock/pop dos anos 1980 e meados de 1990. Dentre eles, Itsuki Hiroshi, Seiko Matsuka, Yashiro Aki, Tontonmi, Namie Amuro, Yutaka Ozaki, Hideaki Tokunaga, Sen Masao, Takao Horiuchi, Anzen Chitai, Begin, Kuwata Keisuke, Hikawa Kiyoshi, Zard, Utada Hikaru e Koda Kumi.
Um que se destaca entre esses e que eu estava ouvindo é Yutaka Ozaki. Ainda carrego algumas músicas dele na minha playlist.

Yutaka Ozaki. Divulgação: Internet
Nascido em Setagaya, distrito de Tokyo, no ano de 1965. Ele se destacou rapidamente entre os artistas de sua geração, escreveu livros, atingiu status de lenda do rock ao emplacar várias canções de sucesso e revolucionar com o estilo do j-rock na época e influenciá-lo até hoje.
Escritor, poeta e músico, suas letras são carregadas de emoção, intensas, críticas à sociedade japonesa e a bolha econômica da década de 1980, os anseios da juventude, os relacionamentos e a sexualidade. A pressão imposta por uma sociedade conformista e engessada sobre os jovens, as garotas que perdiam o entusiasmo da vida e acabavam prostituindo-se sem esperanças em um futuro melhor… Ainda que a juventude possa ser vista como exagerada em suas atitudes, o Japão continua sendo um país com altos índices de suicídio entre jovens. E nesse turbilhão de emoções, estava também Yutaka Ozaki.
Como muitos artistas que alcançam esse status de sucesso rapidamente, não soube lidar bem com a exposição que recebeu – isso num período pré internet – chegou a literalmente desaparecer por causa disso. Foi preso por porte ilegal de drogas e perdeu seu contrato com a Sony records.
Partiu para o exílio nos EUA, e entregou-se ao vício nas bebidas e outras drogas, além de se envolver com prostituição. Depois de um tempo, voltou ao Japão, e mesmo afastado há um tempo da mídia, ressurgiu com novas canções inspiradas em seu exílio, mais maduras, mas ainda críticas e com os mesmos temas, a Sony tratou de rapidamente recontratá-lo e, firmou-se novamente entre seus fãs.
Eclético, soube como alcançar os jovens de sua época com suas canções que tocavam em temas que eram exatamente o que incomodava essa geração. Rebelde, criticou o cinismo da sociedade e os costumes japoneses em suas letras. Romântico, exaltou o amor nas letras com um romantismo que cativou milhares de jovens pelo Japão, de uma forma que ainda é capaz de cativar quem quer que ouça suas canções hoje. Versátil, soube se reinventar mesmo quando muitos não acreditavam mais em seu retorno, ainda que seus fãs nunca duvidassem.
Chegou a casar e teve um filho (Hiroya Ozaki), que seguiu seus passos e hoje é compositor e cantor. Teve um filme baseado em sua vida: Kaze no shounen: Ozaki Yutaka towa no densetsu (2011).
Yutaka Ozaki faleceu em 1992, aos 26 anos. Há relatos de que alguns de seus fãs mais extremistas tenham cometido suicídio em decorrência de sua morte. A causa da oficial da morte foi revelada como edema pulmonar, causado pelo uso excessivo de bebidas e drogas, apesar de haver outras teorias, pelo modo de vida que ele levava e a forma em que foi encontrado. E que gerou até uma petição entre os mais de 100.000 fãs, para que o caso fosse reaberto e investigado pela polícia, uma vez que o pai e o irmão do cantor suspeitavam que ele havia sido assassinado. Hoje (25/04/2018), completa-se 26 anos de seu falecimento.
Abaixo um de seus maiores hits com legenda:
Fontes:
http://nippop.com/artists/Yutaka_Ozaki/
https://en.wikipedia.org/wiki/Yutaka_Ozaki